A placa. De um lugar em cima do balcão. Onde se vende
comida. “nachapa”. Comida quente. Comida velha. Comida chata. Eu poderia estar
voando agora. Eu poderia estar num ócio bom. Mas, estou avoada. Sem internet.
Nem doce. Nem bombom. Meu tédio é esfomeado. Me engole. Me esfola. Me acabo.
Estou de ressaca. Estou sem saco. Estou sem ter o que fazer. Já joguei cem
vezes campo minado. Meus olhos imploram por um cochilo. Não posso. Não tiro.
Pessoas entram perguntando o preço das roupas. Que roupas? Aposto. Olhar de
espanto. Olhar com pranto. Preciso. De um pano. Há pó. Que roupas? Não quero
responder. Um turbilhão de por quês. Tenho que suportar três meses. Longo
“meses”. Insuportável “meses”. Preguiçosa. Puta! É o tempo que tempera a mente.
Temperamento. Tem. Mente. Mente a mesa que me agüenta. Mente o tempo que me
espera. Sente. Um vago. Um vácuo. Vago vazio. Divago. Sem vaga na praça de
alimentação. Barulho. Bocejo. Cadê a
cama? O lençol que já não troco há meses? Sono. Sede. Som. Fome. Folga. Fumo. Foi-se
minha energia. Foice. Foice. Com a Morte que me acompanha. Com a alma que se
esvai todas as 9 horas por dia. Me perco. Em meio ao lixo. Ao tecidos,
dinheiros, diálogos. Chatices diárias. Longas diárias.
Tédio.
Num momento era meio-dia e pouco. Agora já é 13:30. Já nem
sei quanto tempo estou aqui. Na vida. Na loja. Minhas tarde mudaram. A vida é
que nem a loja. Cansativa. As vezes tem movimento. As vezes é tediosa. Parece
uma vida morta. Quero mudança, troco as araras. Há questionamentos “quanto é isso? O que é isso?” Há elogios:
“que lindo, adorei a cor” Há dores: “minha vida está tão complicada, moça” Há
mentiras “só estou dando uma olhadinha” “50% de desconto nessa peça,
baratíssima”. A vida é que nem a loja.
Mais tédio: agora é 13:37. O relógio não passa. Desgraça!
Meu cérebro entra em liquidação de neurônios.
13:38. 13:39. 13:42. 13:45
Mais. Saco!. Mais. Por Zeus!
Nenhum comentário:
Postar um comentário