Esses seres humanos, quando pararão de murmurar
frases desconexas? Até quando terei que ouvir seus assovios e murmúrios? Milhões de cabeças, corpos, faces sem rostos. Milhões de pontos de
interrogações. Milhões de personagens, robôs que não sabem, e provavelmente, jamais saberão o sentido de estarem na terra. Milhões de opiniões,
pontos de vista, ideologias. Milhões,
até mesmo, de “verdades absolutas”. Adoraria utilizar a palavra sofista de modo
pejorativo nesse contexto. Adoraria poder parar de me importar com esse contexto.
Mas. Ah, chega de mas. Sou parte desse contexto. Sentimento constrangedor.
Olhos sem nenhuma expressão. Boca fechada. Uma ruga, pensativa, na testa.
Para quê frases longas? Se as frases
curtas são mais objetivas. Para quê muita vírgula? Se os pontos nos fazem
refletir mais. Por que não, um texto normal? Porque a vida não é normal, e um
texto sobre a vida jamais seria normal.
Ah! Outro
suspiro. Apenas digo uma coisa: a vida é breve, não quero ouvir seus arrogantes
gaguejos sobre seu mundo invisível. Não venha atrás de mim. Reflita, mas
conscientemente. Se vier atrás, me conte seus erros, adorarei escutá-los. Mas,
não canse sua generosa saliva e seus neurônios para contar-me o significado do mundo.
Principalmente, se quiser que eu acredite em seus significados. Já basta ter
que aguentar meu mundo invisível, terei que aguentar o seu? Os seus achismos? Não.
Olhe para mim com ar de “sou melhor que você”, torça seu nariz e me vire às
costas.
Sorriso
irônico. Olhos semiabertos. Uma sobrancelha levantada. Último suspiro, o mais longo e aliviado de todos.