terça-feira, 9 de abril de 2013

Suspiro.


         
         Sentimentos de acidez. Meu rosto se contorce, faz uma expressão engraçada de repulsa. Meus olhos se fecham, e minha sobrancelha se levanta. Suspiro. Ah. Estou engasgada com palavras que não podem, nem quero deixá-las escapar. Calada, apenas ouço. Tédio.
         Esses seres humanos, quando pararão de murmurar frases desconexasAté quando terei que ouvir seus assovios e murmúrios? Milhões de cabeças, corpos, faces sem rostos. Milhões de pontos de interrogações. Milhões de personagens, robôs que não sabem, e provavelmente, jamais saberão o sentido de estarem na terra. Milhões de opiniões, pontos de vista, ideologias.  Milhões, até mesmo, de “verdades absolutas”. Adoraria utilizar a palavra sofista de modo pejorativo nesse contexto. Adoraria poder parar de me importar com esse contexto. Mas. Ah, chega de mas. Sou parte desse contexto. Sentimento constrangedor. Olhos sem nenhuma expressão. Boca fechada. Uma ruga, pensativa, na testa.
        Para quê frases longas? Se as frases curtas são mais objetivas. Para quê muita vírgula? Se os pontos nos fazem refletir mais. Por que não, um texto normal? Porque a vida não é normal, e um texto sobre a vida jamais seria normal.
       Ah! Outro suspiro. Apenas digo uma coisa: a vida é breve, não quero ouvir seus arrogantes gaguejos sobre seu mundo invisível. Não venha atrás de mim. Reflita, mas conscientemente. Se vier atrás, me conte seus erros, adorarei escutá-los. Mas, não canse sua generosa saliva e seus neurônios para contar-me o significado do mundo. Principalmente, se quiser que eu acredite em seus significados. Já basta ter que aguentar meu mundo invisível, terei que aguentar o seuOs seus achismosNão. Olhe para mim com ar de “sou melhor que você”, torça seu nariz e me vire às costas.
       Sorriso irônico. Olhos semiabertos. Uma sobrancelha levantada. Último suspiro, o mais longo e aliviado de todos.

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