Caminhei em uma
velha praça descolorida, encontrei uma
sombra de baixo de um quiosque. Emprestei meu cobertor invisível a um velho
amigo e me esquentei, com meu grosso cobertor imaginário. Me sentei à sombra e
descansei meu corpo de atleta.
Ao amanhecer,
acordei com socos e chutes violentos. Pensei que fossem os militares da ditadura,
que haviam descoberto que eu era o líder de uma revolução. Mas, na verdade,
eram pessoas, que diziam que eu deveria trabalhar e que eu não merecia estar na
cidade deles. Fiquei emocionado, eles sabiam que eu era um Rei, e que eu
deveria procurar meu castelo.
Me despedi das
pessoas boas. Caminhando com rosto dolorido e com os braços pingando sangue, encontrei
vários anjos. Chamei meu amigo, aquele
que emprestei meu cobertor invisível. Os anjos nos deram o que comer, nos ajudaram
e disseram frases bonitas. Mas, ainda tinha saudade da velha praça sem cor.
Voltei,
finalmente, para a sombra do quiosque. Conversei sobre Filosofia com meu amigo,
só parei de falar quando um homem olhou para nós e disse“Você é doido, igual essa
sua mente!”. Não entendi muito bem, acho que ele era doido. Dei breves
gargalhadas e me cobri com meu cobertor invisível.