quinta-feira, 3 de abril de 2014

Ennui



A placa. De um lugar em cima do balcão. Onde se vende comida. “nachapa”. Comida quente. Comida velha. Comida chata. Eu poderia estar voando agora. Eu poderia estar num ócio bom. Mas, estou avoada. Sem internet. Nem doce. Nem bombom. Meu tédio é esfomeado. Me engole. Me esfola. Me acabo. Estou de ressaca. Estou sem saco. Estou sem ter o que fazer. Já joguei cem vezes campo minado. Meus olhos imploram por um cochilo. Não posso. Não tiro. Pessoas entram perguntando o preço das roupas. Que roupas? Aposto. Olhar de espanto. Olhar com pranto. Preciso. De um pano. Há pó. Que roupas? Não quero responder. Um turbilhão de por quês. Tenho que suportar três meses. Longo “meses”. Insuportável “meses”. Preguiçosa. Puta! É o tempo que tempera a mente. Temperamento. Tem. Mente. Mente a mesa que me agüenta. Mente o tempo que me espera. Sente. Um vago. Um vácuo. Vago vazio. Divago. Sem vaga na praça de alimentação. Barulho.  Bocejo. Cadê a cama? O lençol que já não troco há meses? Sono. Sede. Som. Fome. Folga. Fumo. Foi-se minha energia. Foice. Foice. Com a Morte que me acompanha. Com a alma que se esvai todas as 9 horas por dia. Me perco. Em meio ao lixo. Ao tecidos, dinheiros, diálogos. Chatices diárias. Longas diárias.

Tédio.

Num momento era meio-dia e pouco. Agora já é 13:30. Já nem sei quanto tempo estou aqui. Na vida. Na loja. Minhas tarde mudaram. A vida é que nem a loja. Cansativa. As vezes tem movimento. As vezes é tediosa. Parece uma vida morta. Quero mudança, troco as araras. Há questionamentos  “quanto é isso? O que é isso?” Há elogios: “que lindo, adorei a cor” Há dores: “minha vida está tão complicada, moça” Há mentiras “só estou dando uma olhadinha” “50% de desconto nessa peça, baratíssima”. A vida é que nem a loja.

Mais tédio: agora é 13:37. O relógio não passa. Desgraça! Meu cérebro entra em liquidação de neurônios.  13:38. 13:39. 13:42. 13:45
Mais. Saco!. Mais. Por Zeus!

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