Olhos.
Observo seu universo incompreensível em seus olhos. Observo sua Loucura. Suas
expressões desesperadas. Seu sorriso desejando um conforto. Sua tremedeira na
voz. Seu sem jeito ao tentar puxar assunto. Seu universo está tão distante do
meu, tão, tão distante. Não imaginas que eu não me conforte com isso, mas
realmente não me sinto agradável percebendo sua fala indizível, seus berros
ensurdecedores. Responda-me, o que queres com o mundo? Qual o sentido que
estais dando a vida?Adoraria poder compartilhar minhas experiências, e me
utilizar de frases sábias, mas o que saberei eu da vida? Não consigo
compreender meu próprio Eu, não consigo sequer dizer o sentido que estou dando
a esta minha viagem imprópria e desconsiderada. Passo minhas páginas sem sequer
lê-las com tamanha atenção. Fico trancafiada em um mundinho escuro, tentando
teorizar sobre o mundo na qual desconheço, tentando não aceitar teorias
controversas, nas quais acho impossível afirmar. Minha mente racionalista e
limitada caminha em um relativismo irritante. Caminha em um superficialismo
odiado pelo meu subconsciente. Meus neurônios travam batalhas todos os dias.
Desgastam suas energias por disputas de ideias sem nexos a todo momento. Como
que poderia aconselhar seu universo, se o meu universo está perdido em um
espaço completamente vazio, esquisito, vagando e se embebendo de frases
desconexas e divagando sobre metais enferrujados. Espero, realmente, que possas
um dia me ensinar algo sobre seu universo. Juro que eu adoraria conhecê-lo,
mesmo que minimamente.
E, ainda, assim adoraria
parar de reparar em seus olhos pequenos de pálpebras caídas, com uma
sobrancelha mal feita e inexpressiva. Mas, parar de observar não irá me fazer temer
menos ao seu Eu. Quando enxergo sua alma meu coração bate tão forte como
marteladas abafadas. Minha alma se machuca com esse temor, esses berros e esse
afastamento odiado pelos dois. Acho besteira escrever sobre isso, um lado meu
oculto sussurra em meu ouvido para que eu apague tudo isto, afinal é tudo
besteira, chatice. Mas, não consigo. Não posso. Sei que parece besteira, eu sei
disso. Mas, tenho necessidade. Pois, hoje quando o avistei me senti mal, ruim
por dentro. Não quero ser emotiva demais. Mas, assim como Nietzsche, não quero
deixar somente minha razão me dominar, necessito da emoção, e quero aprender com meus
sentimentos, mas, somente nos dias chuvosos com tempestades amedrontadoras,
afinal, esses são os dias mais agradáveis e bonitos de todos.
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